quarta-feira, 10 de junho de 2009

Apresentação do projecto

Depois do sucesso alcançado com «Literaturinha», ciclo de leituras encenadas de clássicos da literatura infanto-juvenil - que, entre Outubro de 2006 e Junho de 2008, estreou 17 diferentes leituras em co-produção com o Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, apresentadas, posteriormente, pelo País, em regime de itinerância - o teatromosca apresenta, agora, nova produção dirigida à mesma faixa etária (a partir dos 4 anos), designada «Retratinhos».

O objectivo maior destes «Retratinhos» consiste na apresentação de personalidades maiores (e menores) da História Universal, (funcionando como valioso complemento lúdico-pedagógico aos conteúdos programáticos de diferentes disciplinas, desde o pré-escolar ao 3º ciclo), cruzando sempre temas de cariz informativo/pedagógico (enunciando aspectos determinantes da vida do retratado, contextualização histórica do espaço/tempo em que viveu, e, claro, explicitação das razões pelas quais granjeou o seu lugar no panteão) ou de cariz mais lúdico (por via da efabulação romanesca, pretende-se, como «estratégia de sedução», iluminar fait-divers ignorados, curiosos ou divertidos, que compõem uma espécie de petit histoire do retratado).

Deseja-se, assim, pelo teatro, pela escrita criativa, validar a ideia de que os homens e mulheres que «fazem»/«são» a História possuem uma existência real (frívola, até) e que, em qualquer circunstância, possuímos (nós, os ilustres que os compêndios desconhecem…) méritos suficientes para, também, protagonizar a história (a nossa, a do Mundo).

Pretende-se reflectir sobre que comportamento criativo é desejável face às condições impostas pela nova paisagem expressiva contemporânea. Esta paisagem define-se pela reciclagem geral dos códigos artísticos e pela prática da contaminação não apenas entre si como também com os códigos não artísticos. A que devemos chamar teatro? Assumimos que a
pertinência artística de um grupo não se esgota na mera apresentação de produções; pelo contrário, deve empenhar-se em constituir um legado actual. Um teatro que se queira actual tem que assumir as condições contemporâneas de expressão artística, nomeadamente, o estilhaçamento dos binómios realidade/ representação, tema / expressão, repertório / actualidade, actor / interventor, exposição / interpretação, cultural / social, arte / entretenimento, constatando a sua falta de sentido essencial.

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