domingo, 28 de junho de 2009

TERRA NA BOCA

com a vontade de comunicar e de desenvolver nasceu Terra na Boca que tem um blog:


www.terranaboca-associaocultural.blogspot.com


abertos a propostas e diálogos!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

PRÓXIMAS ESTREIAS

Depois de estreado o "Retratinho de Fernando Lopes-Graça", que será agora apresentado em Grândola no dia 11 de Julho, segue-se a estreia de "Retratinho de Fernão Mendes Pinto", no dia 13 de Agosto, às 21h, no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.

No dia 15 de Agosto, às 17h, estreia "Retratinho de Darwin", no Parque de Monserrate, através do programa Ciência Viva no Verão. E, no dia 27 de Agosto, às 19h, será a vez de "Retratinho de Gil Vicente" ser apresentado no Palácio Nacional de Sintra.

terça-feira, 23 de junho de 2009

+ FOTOS estreia "Retratinho de Fernando Lopes-Graça"

Mais algumas fotos da estreia do espectáculo "Retratinho de Fernando Lopes-Graça", pelo teatromosca, apresentado na Quinta da Piedade, no 44º Festival de Sintra...







FOTOS estreia "Retratinho de Fernando Lopes-Graça"

Algumas fotos da estreia do espectáculo "Retratinho de Fernando Lopes-Graça", pelo teatromosca, na Quinta da Piedade (Sintra), no âmbito do 44º Festival de Sintra, em co-produção com o festival e com o Centro Cultural Olga Cadaval. Com texto original de Viviane Ascenção, encenação de Mário Trigo, direcção de movimento de Diana Alves, e interpretação de Filipe Araújo (actor) e Ruben Jacinto (clarinetista), esta é a primeira produção do projecto teatral "Retratinhos", para o público infanto-juvenil, a partir dos 4 anos.









quinta-feira, 18 de junho de 2009

ESTREIA "Retratinho de Fernando Lopes-Graça"

É já no próximo dia 20 de Junho, sábado, às 16h, que estreia "Retratinho de Fernando Lopes-Graça", na Quinta da Piedade, em Sintra, no âmbito do 44º Festival de Sintra. Este é o primeiro espectáculo do projecto teatral "Retratinhos", com encenação de Mário Trigo, a partir de texto original de Viviane Ascenção, com interpretação de Filipe Araújo (actor) e Ruben Jacinto (clarinetista), e direcção de movimento de Diana Alves.


Ensaios "Retratinho de Fernando Lopes-Graça" [+ fotos#2]









Ensaios "Retratinho de Fernando Lopes-Graça" [+ fotos]




quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ceci n'est pas une biographie

Uma das obras de arte mais comentadas do século XX é, sem dúvida, o quadro La trahison des images (1926), do pintor surrealista belga René Magritte (1898 - 1967), que apresenta um cachimbo desenhado cuidadosamente e, por baixo, com uma caligrafia regular, a frase: "ceci n’est pas un pipe".

À primeira vista, o quadro é de leitura simples. Parece saído de um qualquer livro para crianças, com uma figura e o texto que a nomeia. O objecto representado é facilmente reconhecido: um cachimbo. No entanto, numa segunda leitura, percebe-se que a frase nega a “identidade” desse mesmo objecto impresso na tela: “isto não é um cachimbo”. Este efeito parece estabelecer uma afirmação da negação daquilo que a “coisa representada” aparenta ser.

Numa troca de missivas entre o pintor belga e o filósofo francês Michel Foucault (1926 – 1984), iniciada pelo primeiro em meados da década de 1960, Magritte enviou uma reprodução desse mesmo quadro a Foucault e, no verso, escreveu: “O título não contradiz o desenho. Afirma-o de outro modo”. De facto, se, por baixo do desenho, estivesse a frase “isto é um cachimbo”, estariamos perante uma preposição falsa já que, como é óbvio, o desenho de um cachimbo não é um cachimbo. E, a própria palavra “cachimbo” também não é um cachimbo.

Para o espectador, parece inevitável relacionar o texto com o desenho. O estilo demonstrativo e realista da figura, e o sentido da palavra “cachimbo” convidam-nos a fazê-lo. No entanto, o que está impresso na tela é apenas um conjunto de marcas feitas à mão, com um pincel embebido em tinta. Não houve, nem nunca haverá um cachimbo acompanhado por uma afirmação ou negação quaisquer. O quadro de Magritte é apenas uma imagem pintada. Um conjunto de símbolos, dispostos sobre uma tela para produzirem um efeito. E, assim, a relação que se pode estabelecer entre a frase pintada e o desenho, apenas afirma o próprio sentido ontológico da arte.

Com o projecto teatral que agora iniciamos, debatemo-nos com um conjunto de questões. Algumas delas, importantes para a orientação do próprio projecto e para a melhor definição dos objectivos a que, com ele, nos propomos alcançar. Questões (também) ligadas com o sentido da arte (teatral ou não) e os mecanismos de representação.

Durante a minha infância, em casa dos meus pais, cruzei-me, por diversas vezes, com um livro que tinha o seguinte título: "Grandes Vidas, Grandes Obras - Biografias Famosas". No interior desse enorme livro (parecia-me bem maior naquela altura), havia uma frase de Thomas Carlyle, que dizia o seguinte: "Nenhum grande Homem vive em vão. A história da Humanidade não é mais do que a biografia dos grandes Homens". Naquela altura, tudo aquilo me fascinava. Aquela frase. Todo o livro. Agora, parece-me um conceito completamente errado, perdoe-me o historiador escocês. "Nenhum Homem vive em vão. A história da Humanidade é feita da biografia de todos nós", proponho eu, tentando salvar algo do naufrágio. A História está a ser construída neste preciso momento e, para ela, todos contribuímos, independentemente do nosso "tamanho".

Para este novo projecto do teatromosca, enquanto concebiamos, em traços gerais, o que seriam os seus objectivos e procurávamos um nome que melhor o identificasse, a Susana, perspicaz, sugeriu o título "Retratinhos". Nada melhor. O termo "biografia" não nos agradava. De modo algum, servia os propósitos do projecto. Não tinhamos a intenção de narrar (mimetizar) a vida de alguém. Não era nossa intenção contar a história da vida de uma pessoa. Isso não é possível num espectáculo de teatro. Em nenhuma obra artística.

Da mesma forma que aquele que observa o quadro de Magritte tende a relacionar o que está representado com a frase inscrita por baixo do desenho, também, no caso do projecto "Retratinhos", o espectador poderá deixar-se levar (ou ser levado) a pensar que se tratam de biografias - narrações de espisódios da vida de uma pessoa, que, de forma bem documentada e historicamente sustentada, procuram traçar um percurso da existência real do biografado.

No entanto, trata-se de um gesto artístico, criativo, livre e contaminado por códigos artísticos, que, bem documentado e também historicamente sustentado, faz uma aproximação ao real e, simultaneamente, se apresenta como ficção, sempre pronto para negar aquilo que aparenta ser. São representações artísticas de uma pessoa, como uma pintura ou uma fotografia. Não é o Fernando Lopes-Graça ou o Charles Darwin ou a Paula Rego, o que está em cena... São retratos, objectos artísticos, obras de arte, espectáculos teatrais, orientados (não só) para o público infanto-juvenil (e sobre isto abriremos uma outra discussão mais adiante), tendo bem presente aquilo que Fernando Lopes-Graça afirmava: "O biógrafo arrisca-se sempre a fantasiar no ar". E o que é a História, senão a ordenação, mais ou menos, lógica e encadeada de um conjunto de narrações, também elas, possivelmente fantasiadas?

Pedro Alves, teatromosca